Kyra Piscitelli é jornalista e crítica de teatro. Atualmente é vice-presidenta da APCA, apoia o desenvolvimento de projetos culturais por meio das redes sociais e colabora com veículos e guias.

Como posso não ser Montgomery Clift?

Como Posso Não Ser Montgomery Clift? Está em cartaz no Auditório do Sesc Pinheiros até 12/11. A peça, como o nome sugere, fala sobre ator americano Montgomery Clift (1920-1966). Galã – diferente do padrão “macho alfa” dos seus sucessores e contemporâneos Marlon Brando (1924-2004) e James Dean (1931-1955), ele fez sucesso em filmes como Um Lugar ao Sol e A Um Passo da Eternidade. O espetáculo não é exatamente uma biografia, mas é uma importante reflexão sobre a indústria da fama e do cinema e sobre nós mesmos e nossa relação com o sucesso, a família, amigos, aparência e realidade.

Um astro, referência de beleza, que sofre um acidente de carro e tem seu rosto desconfigurado. O mesmo astro se vê em posição de esconder a sua sexualidade para ser aceito e manter a carreira. Como não ser quem se é? Onde começa o que somos e o que querem que sejamos? Qual o preço das nossas escolhas? Como Posso Não Ser Montgomery Clift? Não tem como título uma pergunta à toa. E a peça traz perguntas que servem a todos nós.

A relação com a família, estranhos e amigos também aparecem no espetáculo. Tudo misturado: genialidade e decadência; realidade e ficção. Em cena no placo, o multiartista Gustavo Gasparani comemora 40 anos de carreira com o solo. A partir de fatos da vida de Clift, Gasparani conduz com maestria o homem que sofre com as pressões do showbiz e vive à beira do precipício, lotado de angústia e afogado nos perigos do álcool.

Escrito pelo espanhol Alberto Conejero López, o monólogo Como Posso não Ser Montgomery Clift? tem a potente direção de Fernando Philbert na versão brasileira e é imperdível para os amantes do cinema, do teatro e de uma boa história, que conduz o espectador a refletir a própria história.