Nos 400 anos de nascimento de Molière (1622 – 1673), o Teatro Aliança traz o espetáculo Escola de Mulheres, sob direção de Clara Carvalho. A peça é uma transgressão ao patriarcado e ao conservadorismo ainda para os dias de hoje – imagine à época em que foi escrita. Como uma comédia francesa, o texto tem uma encenação fluída e leve sobre um tema denso: o poder da mulher de escolher, a partir do momento que entende que está mantida na ignorância para não contestar a ordem das coisas ou não se meter a dar opinião, ainda – ou principalmente – sobre o seu destino. Lição essa que serve para todos os gêneros e modelos de opressão. Com ironia e uma dose de diversão, Escola de Mulheres tem um elenco (Brian Penido Ross, Ariel Cannal, Felipe Souza, Fulvio Filho, Gabriela Westphal, Leandro Tadeu, Luiz Luccas, Rogério Pércore e Vera Espuny) cuidadosamente marcado, em uma bela fotografia de cena, figurino e maquiagem. Os 10 mandamentos da mulher presentes no texto de Molière deveriam estar no passado, mas fazem a plateia rir pela infeliz atualidade. Vale a ida ao teatro pelo clássico bem visitado com humor e elenco entrosado. Só não vale esquecer a máscara e comprovante de vacinação, itens obrigatórios.

Kyra Piscitelli é jornalista e crítica de teatro. Atualmente é vice-presidenta da APCA, apoia o desenvolvimento de projetos culturais por meio das redes sociais e colabora com veículos e guias.