Kyra Piscitelli é jornalista e crítica de teatro. Atualmente é vice-presidenta da APCA, apoia o desenvolvimento de projetos culturais por meio das redes sociais e colabora com veículos e guias.

Lygia.

Uma experiência completa e imersiva na obra da pintora e escultora Lygia Clark (1920-1988). Assim o monólogo “Lygia” celebra a artista brasileira que ganhou o mundo com suas obras que colocam o espectador como parte participativa da arte. Da mesma forma, o solo escrito por Maria Clara Mattos, a partir dos diários de Lygia Clark, interpretada por Carolyna Aguiar convida a pequena plateia de 45 pessoas para conhecerem a construção do pensamento de Lygia, brincar com as formas e sensações que as obras dela provocam em nós. A peça dirigida por Bel Kutner e Maria Clara Matos acontece dentro da Galeria Bolsa de Arte, na Rua Rio Preto, 63, próximo a avenida Paulista. Em uma sala, com o público próximo, entre cadeiras e puffs, Carolyna Aguiar transforma o cenário, usa objetos e evoca a artista que foi uma mulher a frente do seu tempo. Com a participação do público, por meio dos escritos da homenageada e com as referências à psicologia – tão presente na vida e obra de Lygia, todos tecem, juntos esse universo artístico.  O mergulho ainda pode (e deve) ser complementado com a exposição “A Linha Orgânica de Lygia Clark por Felipe Scovino”, aberta ao público na mesma galeria. O recorte da obra de Lygia se propõe a dialogar com a peça. Apesar do ingresso de R$ 120 inteira, a experiência vale tanto pelo mergulho da exposição como pelo espetáculo que tem um cuidado estético hipnotizador, uma ótima interpretação de Carolyna e por nos chamar a sair da caixa, como Lygia fez por cerca de 40 anos de intensa produção.