“Nautopia” é um musical-prosa brasileiro que vai deixar sua marca no teatro paulistano. Primeira obra teatral no mais moderno e tecnológico teatro de São Paulo, o B32, inaugurado há poucos meses, na Avenida Faria Lima, a produção surpreende pela soluções teatrais, as boas e nada óbvias coreografias com um grupo altamente sincronizado e pela história emocionante, inédita e cheia de brasilidade. O teatro conta com um sistema de recolhimento de poltronas para fazer o chão de palco e aproximar a plateia. Detalhe que faz valer ver da primeira fila. A orquestra abrigada atrás do palco e envolta em um vidro acústico que possibilita aos pedestres da rua vê-la é um toque charmoso e surpreende a todos. O sétimo musical escrito pelo autor, compositor, performer e produtor paulistano Daniel Salve, tem 26 atores acompanhados de 10 músicos em cena. O protagonista e produtor Beto Sargentelli interpreta Tomás, um jovem navegante que parte de sua terra natal, o idílico Vale da Utopia, no litoral de Santa Catarina, para um exílio em Paraty (RJ) após o misterioso desaparecimento de sua irmã Clara. Cheio de mistérios e poesia, “Nautopia” usa panos para inventar o bar, barcos, o figurino, as músicas e os objetos em cena todos se conversam e transformam essa produção independente em uma boa surpresa da temporada. Em meio a um talentoso elenco de maioria jovem, Jonathas Joba tem uma interpretação que faz jus ao título de veterano ali no palco. Joba, aliás, faz falta aos palcos e assisti-lo é ótimo. “Nautopia” fica em cartaz até 29 de maio.

Kyra Piscitelli é jornalista e crítica de teatro. Atualmente é vice-presidenta da APCA, apoia o desenvolvimento de projetos culturais por meio das redes sociais e colabora com veículos e guias.